Cuidando da sua fundação: comer, mover, dormir

Republicação da segunda edição da Newsletter da Engageable, que você pode assinar clicando no botão abaixo.


São Paulo, 17 de agosto de 2024.

Neste dia, completei 38 anos, 3 meses e 30 dias. É a exata idade que minha mãe tinha quando morreu, em 1993. Eu tinha 7 anos e minha irmã 5. Foi cedo demais.

Ela teve um infarto, evento que tem risco aumentado em 50% para quem tem diabetes, que era o caso dela.

Revisitando minhas memórias e as poucas fotos – sempre era ela quem tinha a câmera à mão 📸 – é fácil enxergar o estilo de vida e as (não) decisões que a colocaram nessa posição.

E eu resolvi compartilhar essa parte da minha história nessa newsletter por dois motivos: primeiro, porque é um marco pessoal importante (tenho essa data na minha agenda há mais de 10 anos) e, segundo, por este ser um exemplo extremo do impacto que a falta de cuidado com a saúde tem na nossa vida.

Mas muito antes de impactar nossa saúde e de representar um risco de morte, a falta de sono, de exercício e de cuidado com a alimentação diminui drasticamente a quantidade de energia que a gente tem pra gastar. Por isso, se você quer um profissional mais engajável, você precisa ajudá-lo na construção e manutenção dessa fundação.

O Papel da Empresa na Saúde e Bem-Estar do Profissional Engajável

Vou começar esse tópico com uma historinha para vocês:

Certa vez, um determinado vendedor de livros disse a um fazendeiro que "uma coleção de livros sobre agricultura científica" lhe ensinaria a cultivar melhor. Ao que o fazendeiro respondeu: "Ish, rapaz, eu nem cultivo metade do que já sei." 😅

Eu lembro dessa história sempre que estou prestes a cair na armadilha de pensar que preciso de mais conhecimento quando, na maioria das vezes, eu preciso apenas executar melhor.

Isso é verdade em vários contextos, mas é ainda mais importante quando falamos de cuidar da nossa saúde. A grande maioria das pessoas sabe como uma dieta balanceada se parece ou como deve ser uma rotina ativa. O desafio está em executar com consistência e, quando falhamos, tendemos a achar que falta alguma coisa. Algum remédio milagroso (oi Ozempic 👋), um personal trainer ou um colchão de 10 mil reais.

No contexto corporativo, campanhas de conscientização e o compartilhamento de conhecimento são importantes, mas se você – como empresa – quer provocar um resultado mais relevante e consistente, deve se preocupar em como vai apoiar a execução.

Emprestando conhecimento da ciência ao lado.

Uma das minhas definições favoritas de Economia Comportamental não é bem uma definição e nem foi escrita por um economista comportamental, mas começa a explicar porque a economia tradicional tem dificuldades em explicar certos recortes do comportamento humano e qual a solução. Richard Thaler, esse sim um economista comportamental parrudo - ganhou o Nobel de Economia em 2017, foi quem me apresentou a essa definição lá num Freakonomics Podcast, em 2018.

"...os economistas podem tentar inventar sua própria psicologia, só que será uma psicologia ruim. Mas se eles quiserem se ater à economia, devem emprestar sua psicologia dos psicólogos."

E agora é a hora de emprestar algumas das ideias da economia comportamental para o Desenvolvimento Humano Organizacional. Então, nos parágrafos seguintes, você vai conhecer dois conceitos chave da economia comportamental e 3 maneiras de influenciar seus colaboradores a se exercitar, comer melhor e dormir melhor.


Arquitetura de Escolhas: Facilite a Execução

A Arquitetura de Escolhas é sobre como estruturar o ambiente para que a escolha mais saudável seja a mais fácil, acessível ou atraente, sem restringir a liberdade de escolha. Aqui estão algumas maneiras práticas de implementar isso:

  • Alimentação - Lanches Saudáveis à Vista: Posicione frutas, nozes e outros lanches saudáveis em locais de fácil acesso e na altura dos olhos, tanto no refeitório quanto nas máquinas de venda automática🍏. Deixe as opções menos saudáveis em locais menos visíveis. Google fez isso e publicou um estudo de caso aqui.

  • Exercícios - Visibilidade das Escadas: Torne as escadas mais acessíveis e visualmente atraentes do que os elevadores, posicionando-as perto da entrada e decorando-as com pôsteres motivacionais.🏃♂️

  • Sono - Redução de Tempo de Tela: Incentive o uso de filtros de luz azul em dispositivos e promova "o toque de recolher das telas", pelo menos uma hora antes de dormir, para reduzir o impacto negativo das telas na qualidade do sono.📱

Essas ações simples podem ser comunicadas de forma constante, reforçando a importância das pequenas escolhas diárias. Além disso, oferecer treinamento e comunicação constante sobre como aproveitar essas oportunidades para fazer escolhas mais saudáveis pode aumentar ainda mais a adesão.

Normas Sociais: Crie uma Cultura de Saúde

As Normas Sociais utilizam o poder da influência social para tornar os comportamentos saudáveis mais visíveis e desejáveis dentro da empresa. Algumas ideias para isso incluem:

  • Alimentação - Campeões da Comida Saudável: Destaque os colaboradores que fazem escolhas alimentares saudáveis em newsletters ou redes sociais internas, criando exemplos positivos que outros seguirão 🌟.

  • Exercício - Compartilhamento Social: Incentive os colaboradores a compartilhar suas conquistas de exercício nas redes sociais internas da empresa, criando uma cultura onde a atividade física é celebrada.🏃♂️

  • Sono - Histórias de Sucesso de Sono: Compartilhe histórias de colaboradores que melhoraram seu desempenho graças a hábitos de sono mais saudáveis 😴. Isso não só inspira, mas também reforça a ideia de que cuidar do sono é uma prioridade.

Para solidificar essas normas sociais, é essencial manter uma comunicação constante sobre a importância desses comportamentos e como eles estão alinhados com os valores da empresa. Treinamentos que abordem como aplicar essas práticas no dia a dia podem ser um diferencial para criar uma cultura de saúde que permeia toda a organização.

Integrando essas abordagens, você não só apoia a saúde dos colaboradores, mas também fortalece a base sobre a qual um profissional realmente engajável pode se desenvolver. Afinal, cuidar bem de si mesmo é o primeiro passo para poder cuidar bem do trabalho e das relações dentro da empresa.

PS: E a saúde mental?

A saúde mental é um outro aspecto que sustenta essa Fundação. Na minha experiência ela funciona como catalizador dos outros comportamentos que eu mencionei nessa newsletter, seja na direção correta ou na errada. Pela maneira que eu construí esse texto, não dá pra falar aqui sobre saúde mental com a profundidade que o tema merece - e nem sei se hoje eu tenho confiança para isso. Mas não queria deixar de mencionar e reconhecer este outro eixo da fundação do profissional Engajável.

Se cuidem e, se puderem, cuidem de mais alguém.

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